Como andar de transportes públicos em Atenas?

Kalimera! (Bom dia!)

Infelizmente tenho que desmentir o que a Rita disse no último post!
Afinal temos aulas e são piores do que as da Zara! Será que nove horas de grego por semana serão suficientes para aprendermos?! No início achamos que era um exagero e que íamos sair daqui a saber falar grego fluentemente com tantas horas semanais. Mas desenganem-se aqueles que também cairam nessa ilusão! Dizem que o português é a mais difícil língua europeia, mas não! É o grego!
É preciso saber desenhar muito bem para conseguir fazer todos aqueles caracteres estranhos. E devo dizer que o professor também não ajuda muito: fala muito mal inglês (não conseguimos distinguir quando está a falar em inglês ou em grego!), tem uma caligrafia horrível (não conseguimos distinguir se ele escreve um "a" ou faz um peixinho!), avança muito depressa na matéria (espera que em apenas uma aula já consigamos fazer um diálogo!), e o pior de tudo é que sexta-feira já temos teste!:S

Ângela Coelho

Aulas? Exames? Ah... Isso nunca mais!

Já sem o típico ar de turistas e após alguns dias na capital grega, eis que decidimos ir à universidade, visto que o propósito de termos saído do nosso tão acolhedor país e do conforto dos nossos lares foi o de estudar. Tal como esperavamos, foi mais uma aventura para chegar a Ipokratus, 15 sem sermos atropeladas pelas motas que mais parecem formigas e que circulam nas ruas assustadoras de Atenas. Fomos ter então com Mr. Moschon e com o Mr. Tzanetakos (jornalista muito conceituado aqui na Grécia) que foram bastante explícitos relativamente ao nosso (árduo) trabalho deste semestre "Do you speak Greek?" "No..." "Ok, then you must do a paper, 3 or 4 pages, about a portuguese news radio to deliver until the end of June" "It's individual?" "No, no! Do it together!" Está muito bem então! Basicamente já podemos ir embora e entregar os trabalhos por mail que ninguém quer saber. As únicas aulas que vamos ter serão as de Modern Greek Language. Quanto às outras quatro, faremos uns papers e muito provavelmente só veremos os professores no final do semestre! xD

Rita Vilaça

After Mavro Party ! :D

Where's the party? Mavromateon, 27!

E eis que chega o tão aguardado segundo post...
A Rita já vos deu um cheirinho da nossa casa, mas há muito mais para dizer, acreditem! E por falar em cheiro porque não tentar descrever-vos o fantático aroma do nosso prédio? Fechem os olhos e tentem imaginar uma mistura de xixi de gato com dejectos de todos os moradores do edifício com lixo da rua... e voilá! Smells like home!
Agora que já passou uma semana a cidade e a casa já não nos parecem tão más. Já não tenho medo de ir à casa de banho sozinha à noite! E também com tanta gente a morar cá em casa era impossível ter medo ou estar sozinha. Passo então a apresentar os nossos companheiros de casa:
- Paolo, o italiano com um sotaque inglês horrível, uma namorada húngara, viciado em ginásio e suplementos alimentares;
- Bibiana, a eslovaca com um sorriso e uns olhos fofos;
- Aga, é polaca e acabou de chegar, parece simpática;
- Laurent, o francês que mais parece um médico giro da Anatomia de Grey, a propósito estuda farmácia;
- Tom, o inglês que nos ensina palavras estúpidas inglesas com o seu sotaque esquisito, está sempre a rir-se e nunca lhe ofereçam comida porque ele aceita sempre;
- Ania, a polaca que tem casa e estuda em Patras teoricamente, mas na prática vive cá em casa;
- Ela, a polaca que morava cá no primeiro semestre e como ainda não arranjou casa vai ficar aqui por tempo indeterminado.
Como já deu para perceber somos mesmo muitos, fora os amigos dos amigos dos amigos que de vez em quando aparecem por cá. É uma casa agitada!
E por falar em agitação, na última sexta-feira o apartamento quase que vinha abaixo. Fizemos uma house party antes da festa de Carnaval! A Ela pos no facebook por isso já estavamos à espera que viesse muita gente, mas ver a casa assim tão cheia com os nossos próprios olhos é diferente... havia pessoas por toda a parte, a maioria nem conhecíamos, nem elas sabiam que estavam na nossa casa ou até no nosso quarto!
A casa ficou um nojo, garrafas e serpentinas por toda a parte e o chão da cozinha colava, mas valeu a pena porque conhecemos muita gente nessa noite!

Ainda não foi desta que gregamos por isso não percam os próximos posts...

Ângela Coelho

É o sistema grego!

Imaginem a grande selva... Com predadores, presas e todos aqueles obstáculos da vida animal. Agora transportem esse pensamento para a vida humana... E voilá! Estamos em Atenas. Cidade mítica, início da civilização (civilização essa que deve ter ficado pelos remotos tempos do Hércules). Quando pensas que já não é possível veres mais nada, olhas à tua volta e encontras uma pessoa deitada no meio da estrada, um carro estacionado no meio da rua, ou um talhante a cortar carne com um cigarro na mão. É realmente uma cidade de loucos! E se te debruçares muito tempo sobre certas coisas que vês ou experiencías acabas por ficar maluco. Por isso o melhor é pensares "Ok, é o sistema grego!".
Chegamos há alguns dias e já sinto que estou aqui há anos. O dia da nossa chegada já me parece tão distante que julgo nem ser a mesma pessoa. É tudo vivido tão intensamente que parece durar pequenas eternidades. As coisas boas e as coisas más formam uma ténue barreira entre elas e tudo o que podes fazer é rir quanto te deparas com um problema. Tentar não chorar quando chegas, completamente esgotada, a um país do outro lado da Europa e te vês sozinha no meio de uma cidade desregrada, tentar uma gargalhada quando chegas a uma casa que mais parece uma anedota ou encarares com um encolher de ombros quando te dizem que não podes matricular-te hoje ou amanhã pois a faculdade está em greve. Ok, we are in Grece!
Todas as manhãs (ou tardes) que acordo aqui em Atenas, sou assaltada por um sentimento diferente: às vezes apetece-me apanhar o primeiro voo e ir embora, às vezes gostava que isto nunca mais acabasse, outras vezes já me sinto parte da população à qual eu rotulo de 'maluca'. Aqui em Atenas, cada ida à rua é uma aventura. Quer seja para apanhar o autocarro, o metro ou para fazer compras. Ontem fizemos compras! Compras essas que nos trouxeram um simpático brinde - um carrinho de supermercado - que se encontra agora na nossa varanda. Quando entras num supermercado nesta cidade deparaste com algumas coisas incríveis: desde uma lata de atum a 1,50€ até 1kg de arroz por 4€. Não entendo como é que as pessoas sobrevivem sem atum, sem arroz e com iogurtes a 1€ a unidade. Crazy city.
Por falar em sobreviver, espero ainda estar viva quando sair desta casa. Casa? Não sei bem se lhe posso chamar isso. Hmmm... Castelo talvez! Mas um castelo da Idade Média, daqueles sem água, nem luz, nem gás e com bacias em vez de banheiras. Há que admitir que a casa é espaçosa (também tinha de o ser, para caber cerca de 70 pessoas em noites de festa...). Temos cinco quartos, três casas de banho, dois chuveiros, e uma cozinha/sala. Ok, we can't complain about the space. Então que podemos pedir mais com uma casa assim? Espaçosa e festeira? Bem, vou deixar isso para o próximo post, agora temos de ir à universidade. Mais uma aventura, mais uma batalha para circular nas ruas de Atenas.
Ah! Hoje temos a nossa primeira festa para alunos erasmus. A karaoke party! :D


Rita Vilaça