domingo, 21 de março de 2010

Pessoas


Pessoas... Pessoas grandes, pessoas pequenas, pessoas gordas, pessoas magras, pessoas loiras e morenas, altas e baixas. Pessoas, pessoas, pessoas! Aqui, do outro lado da Europa, dou por mim a filosofar sobre o carácter das diferentes pessoas com quem me cruzo. Em casa, nas aulas, nas festas e até nas ruas. Tudo isto começou devido a um bizarro acontecimento aqui no Mavro flat. Numa das nossas festas imensamente badaladas pela imprensa erásmica ateniense, o nosso chuveiro foi o principal lesado, sofrendo com as consequências do excesso de álcool no sangue de certas e determinadas pessoas. Passo a explicar: na manhã seguinte às ditas festas, além duma enorme dor de cabeça, há que lutar contra as garrafas partidas, o chão a colar, e o contra o cheiro a álcool e droga que se instala no nosso apartamento. Acontece que, numa das nossas fascinas matinais, fomos dar com a porta do chuveiro completamente arruinada. Visto que esta é feita de um plástico razoavelmente resistente, comecei a imaginar que tipo de actividades se tinham processado naquele (tão apertado) espaço. Conclusão: decidi limpar a fundo a base do dito chuveiro. Não satisfeita com este incidente, decidi investigar, qual Sherlock Holmes. Felizmente (ou infelizmente para algumas alminhas) a esta altura, toda a gente já se conhece, quanto mais não seja de vista. Fiquei a saber assim que, na noite da festa, foi vista uma tal francesa a sair da casa de banho com uma certa espécie-de-ex-namorado-eramus. As minhas suspeitas foram assim confirmadas. Tudo isto deu origem a um turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Que tipo de pessoa é capaz de fazer uma coisa destas? Tudo bem que é uma festa, e as pessoas bebem e acabam por perder a noção das coisas, mas será que isso é desculpa? Será que as pessoas mudam assim tanto quando aqui estão? Será que se fosse no país de origem as criaturas tinham-se comportado da mesma forma? O que há com Erasmus que mexe tanto com as hormonas das pessoas? Não entendo... Claro que isto é uma experiência que tem como objectivo fazer cada um que nela embarca, maior e mais forte, mas será que muda a personalidade? Afinal que tipo de pessoas é que eu conheço aqui? Pessoas originais ou produtos pré-fabricados pela "Loucura Erasmus"? Acredito que a personalidade não é uma coisa estanque, um dogma que não pode ser questionado ou uma obra de arte que depois de concluída não deve ser refeita. Não. Acredito que a personalidade forma-se (ou deforma-se) ao longo da nossa vida. Mas será que, tal como plasticina, é completamente moldável às circunstâncias em que o sujeito se encontra? Será que quando saimos de Portugal, ou França ou seja qual for o país berço, vestimos uma capa e tornamo-nos outras pessoas?



Rita Vilaça

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