Altruísta, carinhosa, activa, energética, boa cozinheira... É tudo o que tu não és!
Confesso que estava assustada no início por vir morar com alguém próximo de mim. Medo que as coisas não corressem bem, medo de estragar a amizade, medo de te conhecer melhor e não gostar. No final desta jornada, percebi que os meus medos se confirmaram. Realmente nem tudo correu bem, realmente fiquei a conhecer-te melhor. Durante mais de 5 meses fomos o apoio uma da outra. Partilhamos não só o mesmo tecto e a mesma cama mas também a mesma vida. Olho para trás e é isso que vejo: uma vida. Não quero que isto se torne muito lamechas, nem quero que penses que isto é uma declaração de amor porque, sinceramente já não te posso ouvir nem olhar para tua juba de leão com caspa, mas a verdade é que ficaste com uma parte muito importante de mim. Partilhaste comigo a experiência mais importante e enriquecedora da minha vida. Por isso vais fazer parte de mim para sempre, não importa quanto tempo passe, não importa se seguirmos caminhos diferentes, vais ser sempre uma pessoa que vou guardar com muito carinho.
Sim, preciso de fazer uma desintoxicação de ti agora. Foi muito (demasiado) tempo juntas. 24/7, conheci cada parte do teu ser. Farta de te ouvir reclamar da minha sopa (maravilhosa), farta de te ouvir dizer "tenho que pesquisar sobre isso" quando na verdade não pesquisas porra nenhuma e só falas para me contrariar. Às vezes só me apetecia matar-te durante o sono (principalmente naquelas noites em que falas). Acho que a recordação que vou levar tua vai ser a imagem de ti deitada na cama (por falar nisso, já reparaste que já fez buraco, de tanto tempo que passas lá deitada?).
Algumas coisas que realmente admiro em ti, outras que não suporto. As nossas infinitas conversas, as nossas (por vezes estúpidas) birrinhas, a nossa mania incontornável de ser do contra... Tudo isto fez parte de nós. Foi bom. Guardo tudo.
Obrigada. Pelos bons e maus momentos que me tornou mais forte, que nos fortaleceu. Não sei se posso falar por ti, mas acho que estabelecemos um laço forte, muito forte e (desculpa-me a confiança) inabalável. Foi um teste duro para uma amizade tão jovem. Um teste que acho que superamos com sucesso. Descobri que temos mais em comum do que aquilo que pensava, fazes mais parte do meu mundinho do que aquilo que eu imaginava. Por isso quero parabenizar-te pois entraste no meu (muito restrito) rol de AMIGOS. Amigos daqueles de verdade, aquelas pessoas que nos vêm a cabeça quando o Mundo desmorona em nós, amigos... Foste a minha família, o meu namorado (entenda-se), os meus amigos, a minha melhor companhia, o meu abrigo, o meu refúgio, aquela com quem pude partilhar tudo, aquela com quem pude dizer tudo que me vinha à cabeça em qualquer circunstância.
Obrigada. Gostava que continuasses por perto durante muito tempo. Estúpida <3
Rita Vilaça aka lémure (escrito por Ângela Coelho)
Quatro laranjas, quatro maçãs, uma meloa, leite, pão, bolachas, três latas de atum, cogumelos, milho, queijo, iogurtes, alface, tomates. 16,78€. Não é óbvio?! Ok, para os mais distraídos vou dar mais uma dica: estou a comer bolachas com recheio de chocolate! Pois sim, a Rita foi-se embora!
Acabaram-se as listas (quer dizer mais ou menos! sabem aqueles defeitos que os vossos amigos têm e que vocês estão sempre a reclamar mas de repente dão convosco a fazer exactamente o mesmo?!), não à organização exagerada, abaixo o planeamento do dia ao segundo! É verdade Rita, tu sabes o quanto és irritante por vezes! O teu passatempo preferido é planear a tua vida e a dos outros que te rodeiam: mandona!
Foi tão dificil decidir se ia para Barcelona (o meu grande sonho) sozinha ou ia para Atenas contigo! Pensei tanto e perguntei a opinião a várias pessoas mas isso era uma decisão que só dependia de mim e que podia fazer a diferença entre continuarmos a ser amigas ou então arruinarmos tudo, a diferença entre passar cinco meses no paraíso ou no inferno! Enfim, nunca vou saber como seria em Barcelona sozinha, mas agora sei que não me arrependo da minha escolha.
Tinha curiosidade em saber como seria estar sem ti em Atenas e não sei se foi por estarmos 24 horas juntas, mas de facto senti a tua ausência nestes últimos dias. Queria falar português, queria cuscar sobre alguém, queria falar alto na rua sem que ninguém me percebesse, queria fazer coisas estúpidas sem parecer tão estúpida (é verdade! Duas pessoas a fazerem coisas parvas não parecem tão estúpidas!), queria embirrar contigo! Senti falta dos teus deliciosos pratos. Pronto, eu admito! Cozinhas muito bem! Mas não fiques demasiado excitada, a tua sopa continua a dar-me vómitos!
Tenho saudades tuas, da nossa rotina, da nossa vida em Atenas! Mas também é verdade que preciso tirar férias de ti, porque tu sabes que eu me canso facilmente das pessoas e gosto de manter uma certa distância delas (é a chamada distância de segurança, se estudasses mais o código da estrada saberias!) e tu ultrapassaste essa minha barreira imaginária, o que significa que agora já não há volta a dar, vais ter de levar comigo para sempre! Espero que este "para sempre" seja de verdade e não apenas um final cliché de um qualquer conto de fadas, porque como comprovamos nesta experiência é nos momentos mais dificeis e perante os obstáculos que as amizades se fortalecem ou então se desmoronam completamente e devo dizer que passamos este teste com distinção!
Qualquer coisa liga! Até amanhã, lémure*
